Pensas em fazer uma roadtrip em Hokkaido? Chegaste ao sitio certo. Hokkaido não fazia parte dos nossos primeiros planos quando começámos a sonhar com o Japão. Nas duas primeiras viagens ao país focámo-nos nas zonas mais conhecidas: Tóquio, Quioto, Osaka, Hiroshima… Mas havia sempre uma pontinha de curiosidade a chamar por nós mais a norte. E nesta terceira vez, em 2025, finalmente decidimos: Hokkaido merecia um capítulo inteiro da nossa viagem.
Desta vez estávamos numa nova volta ao mundo, com mais tempo, menos pressas e aquela vontade de explorar o Japão fora dos roteiros mais clássicos. E Hokkaido, a ilha mais a norte do arquipélago japonês, pareceu-nos perfeita para uma roadtrip.
CONTEÚDOS DO ARTIGO
Porque é que Hokkaido vale mesmo a pena?
Hokkaido é conhecida pela sua natureza em estado puro. Montanhas, lagos vulcânicos, onsen no meio da floresta, campos de flores no verão, neve pesada no inverno e uma gastronomia incrível em qualquer estação. Se gostas de natureza, paisagens dramáticas e lugares com menos gente, Hokkaido é provavelmente a parte do Japão que te vai conquistar.
Além disso, é também o lugar ideal para fazer uma viagem de carro. As estradas são boas, bem sinalizadas e com pouco trânsito. E se pensas que vais sentir falta da vibração das grandes cidades, não te preocupes: Sapporo, a capital da ilha, oferece o equilíbrio certo entre cidade moderna e base perfeita para explorar a região.
Quanto tempo é preciso para explorar Hokkaido?
Nós dedicámos 12 dias à nossa roadtrip em Hokkaido, mas honestamente, podíamos ter ficado o dobro. É uma ilha grande — mesmo muito grande — e as distâncias entre alguns pontos obrigam a conduzir várias horas por dia.
Se tens menos tempo, sugerimos focares-te numa das regiões:
- Sul de Hokkaido (Hakodate, Noboribetsu, Lago Toya): ideal para uma viagem de 5 a 7 dias.
- Centro e norte (Sapporo, Asahikawa, Biei, Furano): perfeito para o verão, com campos de flores e paisagens de cartão postal.
- Este de Hokkaido (Shiretoko, Abashiri, Akan): mais remoto, para quem procura natureza bruta e vida selvagem.
Mas se puderes, recomendamos mesmo reservar entre 10 a 14 dias para teres uma experiência completa e sem corridas.
Como alugar carro em Hokkaido?
Alugar carro no Japão pode parecer complicado ao início, mas a verdade é que é super simples — e em Hokkaido faz toda a diferença.
Usamos normalmente a DiscoverCars ou o Klook para comparar preços, mas desta vez optámos por reservar diretamente no site da Toyota Rent a Car. Porquê? Porque queríamos levantar o carro em Sapporo e entregar em Hakodate, e o preço estava mais em conta diretamente com eles. Além disso, para as datas que queríamos, nem a DiscoverCars nem o Klook tinham opções disponíveis.
Dica importante: vais precisar de uma Carta de Condução Internacional (IDL), e convém reservar com antecedência, especialmente se estiveres a viajar na primavera ou no verão.
melhor altura para fazer uma roadtrip em Hokkaido
A melhor altura para viajar em Hokkaido depende muito do que procuras. No inverno, a ilha cobre-se de neve e atrai quem quer esquiar ou ver paisagens completamente brancas. No verão, é o escape preferido dos japoneses, com temperaturas mais amenas e campos de flores em todo o lado. Mas se queres explorar de carro com alguma tranquilidade, sem extremos de frio ou calor, a primavera e o outono são ótimas opções.

Nós fomos no início de maio e apanhámos temperaturas entre os 5 °C de mínima e os 15 °C a 20 °C de máxima. Estava fresco, mas com um bom casaco fez-se bem. A vantagem foi apanhar paisagens ainda verdes, alguns picos de neve nas montanhas e muito pouca gente nos principais pontos turísticos. Para nós, foi a combinação ideal para uma roadtrip tranquila e cheia de natureza.
Como Hokkaido é diferente do resto do Japão
Antes de visitarmos Hokkaido, já tínhamos ouvido dizer que esta ilha era um “Japão diferente”. Mas só quando lá chegámos é que percebemos mesmo porquê. Durante a nossa viagem, notámos várias diferenças em relação ao resto do país – na gastronomia, na arquitetura, na forma de estar das pessoas e até na forma como o inglês é falado.
- Gastronomia única: vinhos e produtos lácteos
Em Hokkaido, a comida tem mesmo outro sabor. É uma das poucas regiões do Japão onde se produz queijo de qualidade e onde os produtos lácteos são parte da identidade local. Durante a nossa roadtrip, provámos queijos artesanais e visitámos adegas de vinho em Furano, uma zona vinícola no interior da ilha. Fizemos provas de vinhos locais, comprámos uma garrafa para levar e até comemos uma tábua de queijos com vista para as montanhas. Uma experiência que não encontrámos em mais nenhum ponto do Japão.
Além disso, os frutos do mar são fresquíssimos – o caranguejo, o ouriço-do-mar e o salmão são algumas das estrelas da cozinha de Hokkaido. É uma região perfeita para quem gosta de comer bem e descobrir sabores diferentes. - Arquitetura mais ocidental
Outra coisa que nos saltou à vista foi a arquitetura. Por ser uma região desenvolvida mais tarde – já durante a era moderna do Japão – Hokkaido tem muitos edifícios com influência ocidental, sobretudo em cidades como Hakodate e Sapporo. Encontrámos casas de estilo europeu, igrejas cristãs e estruturas mais abertas, com ruas largas e uma organização urbana menos típica do Japão tradicional. - Menos templos antigos
Ao contrário de cidades como Kyoto ou Nara, Hokkaido não é um destino para ver templos antigos ou santuários milenares. Há alguns, claro, mas em número muito menor. Isto deve-se ao facto de a região ter sido colonizada mais recentemente e de ter uma história mais ligada à cultura Ainu, o povo indígena de Hokkaido, do que à tradição budista e xintoísta que vemos noutras partes do país. - Uma mentalidade mais descontraída
Notámos também que as pessoas em Hokkaido são mais abertas e descontraídas. Há menos formalidade, menos pressa e mais sorrisos. Talvez por ser uma zona mais rural e menos densa, ou por causa da influência histórica dos migrantes que vieram de várias partes do Japão para povoar a ilha. A verdade é que nos sentimos mais à vontade para conversar, fazer perguntas e até errar no japonês. - Fala-se mais inglês
Uma surpresa positiva: em Hokkaido é muito mais fácil encontrar quem fale inglês. Desde funcionários de hotéis e restaurantes até pessoas nas estações de serviço, sentimos que havia mais abertura para comunicar em inglês. Isso torna a experiência de viagem mais acessível, especialmente para quem não domina o japonês.
Se estás a pensar viajar por Hokkaido, prepara-te para descobrir um lado diferente do Japão – mais calmo, mais aberto e com sabores únicos. Nós adorámos, e achamos que vais adorar também.
Itinerário da nossa roadtrip em Hokkaido
Quando decidimos explorar Hokkaido, sabíamos que queríamos fazer tudo ao nosso ritmo. Nada de corridas atrás das flores de verão nem de aventuras na neve. Em vez disso, optámos por uma roadtrip tranquila, focada em descobrir o lado mais calmo e autêntico desta ilha incrível no norte do Japão.
A nossa viagem começou em Sapporo, onde chegámos de avião, vindo de Nagoya. Alugámos o carro logo à saída da cidade e partimos rumo ao interior de Hokkaido. No fim da viagem, entregámos o carro em Hakodate, de onde apanhámos o ferry para Aomori, já na ilha principal do Japão.
Se estás à procura de trilhos nas montanhas, atividades radicais ou campos de flores a perder de vista, este itinerário não é para ti. Não fomos na altura das flores (isso é mais no verão), nem quisemos fazer desportos de inverno. O nosso plano era simples: descobrir uma Hokkaido mais serena, com boa comida, paisagens de cortar a respiração e pequenas paragens que nos fizeram apaixonar ainda mais por esta ilha.
Sapporo: 3 noites



Ficámos três noites em Sapporo, e foi o ponto de partida ideal. Estávamos em plena época das sakuras e o Nakajima Park estava simplesmente mágico. Maio revelou-se perfeito para ver as cerejeiras em flor, sem multidões.
Durante esses dias, explorámos o centro da cidade, provámos o famoso ramen de Sapporo e deixámo-nos surpreender pelo ambiente descontraído da capital de Hokkaido.
Vê aqui as nossas sugestões de o que fazer em Sapporo e onde ficar em Sapporo.
Asahikawa: 2 noites
Depois de Sapporo, alugámos o carro e fizemo-nos à estrada. O destino final do dia era Asahikawa, mas claro que o plano era fazer paragens pelo caminho.


A primeira paragem foi em Furano, conhecida pelos campos de flores no verão, mas também pela produção de vinho local. Visitámos a Furano Winery, onde fizemos uma visita auto-guiada e provámos alguns vinhos. Ainda comprámos uma garrafa para levar, juntamente com uma tábua de queijos regionais. Tudo delicioso!



O almoço foi numa quinta chamada Kaneko Coffee Beans KCB Farmette – um sítio encantador com vista para as montanhas, onde comemos uns assados de porco que ainda hoje nos fazem salivar. Têm também padaria e pastelaria fresca, tudo feito ali mesmo.



De barriga cheia, continuámos viagem até ao famoso Blue Pond, uma das paisagens mais impressionantes de Hokkaido. O parque custa 500 ienes, mas vale cada cêntimo – não só pelo tom azul surreal da água, mas também pela vista para as montanhas ao fundo. É daqueles lugares que parecem saídos de um postal.
Depois do Blue Pond, seguimos diretamente para Asahikawa, o caminho pela estrada no meio dos campos de arroz ao pôr do sol é uma experiência única. Chegámos a Asahikawa onde descansámos e aproveitámos para planear o dia seguinte.



No dia seguinte, um dia chuvoso em Asahikawa, aproveitámos para passear um pouco pelo centro e almoçar num café com muito charme — o Lampstand, com um ambiente mesmo especial. Depois, visitámos a Otokoyama Sake Park, onde aprendemos mais sobre o processo tradicional de produção de sake. A entrada e a prova são gratuitas, mas quem conduz não pode beber, já que é ilegal conduzir com álcool no sangue no Japão.
Comprámos umas garrafas pequenas para levar e, mais tarde no hotel, abrimo-las com sushi do supermercado — uma forma simples e perfeita de terminar o dia.
Vê aqui as nossas sugestões de o que fazer em Asahikawa e onde ficar em Asahikawa.
Otaru: 1 noite
Antes de seguirmos viagem de Asahikawa para Otaru, ainda aproveitámos uma aberta na chuva para dar uma última volta pela cidade. Começámos com um passeio pela Heiwa Dōri Shopping Street, a rua pedonal principal, onde se sente o dia-a-dia tranquilo da cidade. Depois seguimos até ao Tokiwa Park, um espaço verde bonito mesmo no centro — apanhámos as sakuras em flor e ainda vimos imensas túlipas coloridas, um verdadeiro cenário de primavera.


Passámos junto ao Museu de Arte de Asahikawa, mas acabámos por não entrar — fica para uma próxima. Ainda tivemos tempo para uma pausa no Coffee Stand Container, um café pequenino e descontraído, perfeito para recarregar antes de voltarmos à estrada.
Logo depois de sairmos da cidade, fizemos uma paragem no Maruka Highland Observation Deck. A vista de lá é incrível: campos abertos, montanhas ao fundo e uma paz difícil de explicar. É um daqueles sítios que não costuma aparecer nos roteiros, mas vale mesmo a pena.


Continuámos o caminho já com um plano bem simples: ir comer a um ramen shop que tínhamos encontrado aleatoriamente no mapa. Parámos no らーめん巌窟王 岩見沢ピラミッド店, onde provámos um ramen de miso típico de Hokkaido — sabor intenso, caldo quente, e uma refeição daquelas que nos aquece por dentro. Uma verdadeira surpresa no meio do caminho.


Chegámos a Otaru ao final da tarde. Ainda fomos explorar a rua principal da cidade, vimos o famoso relógio de vapor e provámos sake numa loja local. Para jantar, escolhemos uma cervejaria tradicional, com boa comida e ambiente acolhedor. Antes de anoitecer, ainda demos um salto ao canal de Otaru, com as luzes a refletir na água — um final perfeito para um dia cheio de descobertas.
Vê aqui as nossas sugestões de onde ficar em Otaru.
Lago Toya: 2 noites
Saímos de Hotaru com destino a um dos pontos com melhor vista da região: o Kenashiyama Observation Point. De um lado, víamos a cidade e o mar; do outro, montanhas verdes ainda cobertas de neve. A paisagem era de cortar a respiração.


Seguimos pela Estrada 393, uma rota panorâmica com vistas incríveis sobre o Monte Yotei, conhecido como o “Fujisan de Hokkaido”. Foi impossível não parar à beira da estrada para o admirar — foi, sem dúvida, uma das paisagens mais bonitas que vimos em Hokkaido.

De lá, seguimos para Niseko, uma vila famosa pelas estâncias de ski, mas como estávamos fora da época da neve, encontrámos o ambiente bem mais calmo. Almoçámos numa loja de conveniência surpreendentemente bonita (coisas do Japão!) e depois fomos tomar café num % Arabica que nos apareceu no caminho como se tivesse caído do céu.



A caminho do Lago Toya, fizemos duas paragens obrigatórias. A primeira foi no Silo Observation Deck, no Parque Nacional Shikotsu-Toya, para as primeiras vistas arrebatadoras sobre o lago. A segunda foi na Lake Hill Farm, onde provámos um gelado delicioso com o Monte Yotei ao fundo a completar o cenário.



Chegámos finalmente ao Lago Toya, onde ficámos hospedados num hotel estilo ryokan tradicional japonês, num quarto de tatami com jantar típico incluído. Aproveitámos o onsen privado com vista direta para o lago — uma experiência inesquecível. E, para fechar o dia em grande, assistimos ao espetáculo de fogo de artifício sobre o lago, que acontece todas as noites durante a temporada alta. Foi daqueles momentos que ficam mesmo na memória.
No dia seguinte, fizemo-nos à estrada rumo a Noboribetsu, que fica a cerca de 40 minutos de carro desde o Lago Toya. Pelo caminho, parámos no Okei Viewpoint, um miradouro com uma vista incrível sobre o lago. Foi uma daquelas paragens espontâneas que valem mesmo a pena — a paisagem ali é de cortar a respiração.


Em Noboribetsu, visitámos o Noboribetsu Jigokudani Valley, um parque geológico vulcânico cheio de atividade: há géiseres, lagos a ferver e fumarolas por todo o lado. Parece uma representação do inferno em forma de natureza. Há vários trilhos que se podem fazer à volta do vale, ideais para explorar ao teu ritmo. A entrada custa 500 ienes e também dá acesso ao Oyunuma Pond, para onde seguimos a seguir.


O Oyunuma Pond é um lago com temperaturas acima dos 120 graus, envolvido por vapores e vegetação densa — uma paisagem única. Pode-se lá chegar a pé desde o Jigokudani Valley, mas nós optámos por ir de carro. Mesmo assim, a sensação de estar ali, no meio de tanta força natural, foi inesquecível.


No regresso ao Lago Toya, aproveitámos o final do dia para fazer uma das coisas que mais gostámos por lá: passear junto à margem do lago. Com o pôr do sol, as cerejeiras em flor no jardim junto à água e as montanhas ao fundo, a luz da golden hour deixou tudo ainda mais mágico.
Vê aqui as nossas sugestões de onde ficar no Lago Toya.
Hakodate: 3 noites
Saímos do Lago Toya logo pela manhã, já com a ideia de que o caminho até Hakodate não teria grandes paragens obrigatórias. Ainda assim, optámos por uma estrada sem portagens, mais lenta mas muito mais bonita: de um lado o mar, do outro montanhas cobertas de verde. Vale mesmo a pena fazer esta viagem com calma e aproveitar as paisagens — foi uma das viagens de carro mais agradáveis que fizemos em Hokkaido.


Já perto de Hakodate, antes de devolvermos o carro, aproveitámos para visitar o Goryōkaku, um parque histórico em forma de estrela. Subir à Torre de Goryōkaku dá-te uma vista incrível sobre o jardim e a cidade, especialmente durante a época das sakura. No nosso caso, já era final da floração, por isso decidimos não subir, mas o passeio pelo parque valeu a pena. Além do jardim, visitámos o Hakodate Magistrate’s Office, um edifício reconstruído com bastante detalhe que ajuda a perceber melhor a história da região.
Antes de seguirmos para o centro, parámos para almoçar num restaurante da cadeia local Lucky Pierrot. O ambiente é super peculiar, com decoração inspirada em filmes antigos, e a comida tem uma boa relação qualidade-preço — ideal para uma refeição rápida e diferente.
Devolvemos o carro já no centro da cidade e, ao final do dia, fomos explorar o Daimon Yokocho, uma ruela cheia de izakayas tradicionais. O ambiente é descontraído, com luzes baixas, bancos ao balcão e pratos típicos para partilhar. Foi uma ótima forma de terminar o dia e começar a descobrir o lado mais local de Hakodate.
Hakodate não foi, para nós, uma cidade cheia de atrações imperdíveis. Talvez um dia fosse suficiente para a maioria dos viajantes. Mas a verdade é que, depois de tantos dias a explorar Hokkaido, sentíamos que precisávamos de abrandar. E Hakodate acabou por ser o lugar certo para isso.


Durante os dois dias completos que passámos por lá, deixámo-nos levar por um ritmo mais calmo. Começámos pelos Red Brick Warehouses, antigos armazéns junto ao porto que foram transformados em lojas e cafés. É turístico, sim, mas vale a pena pela vista sobre a baía e o ambiente tranquilo.
A nossa parte preferida, no entanto, foi mesmo Motomachi, o bairro com mais influência europeia em Hakodate. As ruas de pedra, as casas de madeira com detalhes elegantes, as igrejas de diferentes religiões — tudo ali parece saído de um outro tempo. Subir aquelas colinas com vista para o mar, enquanto se sente o vento fresco da costa, foi uma das melhores experiências da cidade.


E claro, não resistimos ao famoso melonpan com gelado da loja com o nome mais curioso de sempre: The Second Most Delicious Ice Cream Melon Bread in the World. O nome pode ser estranho, mas o sabor é mesmo qualquer coisa — pão doce, ainda quente, com o contraste perfeito do gelado fresco. Vale cada caloria.
Outra memória forte que levamos de Hakodate foi o jantar no Benten Sushi. Um pequeno balcão com cerca de oito lugares, onde um casal já com alguma idade nos recebeu com uma simplicidade e dedicação que nos marcou. Escolhemos a experiência omakase, em que o chef decide o menu na hora, consoante o que está mais fresco. O sushi era incrivelmente delicado, o peixe fresquíssimo, e cada peça era servida diretamente no balcão, sem distrações nem floreados. A senhora, sempre atenta, perguntava com um sorriso tímido: “oishii?” — e por sorte sabíamos, graças ao Duolingo, que isso queria dizer “saboroso”. Pudemos responder com um sorriso e um “hai, oishii!”, o que tornou o momento ainda mais especial.


Ainda houve tempo para um café no Nel, um espaço pequeno mas acolhedor, ideal para fazer uma pausa e observar a vida local a passar devagar.
Ainda em Otomachi, apanhámos o teleférico para o Monte Hakodate ao fim da tarde. Diziam que a vista noturna era das mais bonitas do Japão – e percebemos porquê. Lá em cima, vimos as luzes da cidade a acender com o mar de fundo. Um cenário mesmo mágico. E pelo número de pessoas no miradouro, não éramos os únicos a pensar assim. Se fores a Hakodate, não percas este momento. Sobe ao entardecer e leva um casaco – lá no alto pode arrefecer.

Não foi tudo o que fizemos em Hakodate, mas foi o que mais nos ficou na memória.
No final destes dias, apanhámos o ferry para Aomori, encerrando assim o nosso itinerário pela ilha de Hokkaido — com o coração mais leve e a bagagem cheia de pequenas histórias que só se vivem quando se abranda o passo.
Vê aqui as nossas sugestões de onde ficar em Hakodate.
Dicas para uma roadtrip em Hokkaido
- Evita conduzir à noite. Há menos iluminação nas estradas rurais e, em certas zonas, animais podem cruzar a estrada (vimos veados várias vezes).
- Atenção às portagens. Se vais usar as autoestradas, podes pedir um ETC Card (semelhante ao Via Verde). Algumas rent-a-car oferecem esse serviço, mas convém confirmar.
- Abastece com antecedência. Há zonas onde os postos de combustível são escassos — especialmente fora das grandes cidades.
- Leva snacks e água. Podes passar longos períodos a conduzir sem muitos locais para parar. Os combini (lojas de conveniência japonesas) ajudam, mas nem sempre aparecem quando queres.
- Aproveita os onsens. Hokkaido tem águas termais incríveis e relaxar num onsen depois de um dia de estrada é uma experiência obrigatória.