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Norte da Argentina

Roadtrip na Argentina: Um Guia Prático pelo Norte Andino

Fizemos esta roadtrip na Argentina no início de 2020, durante a nossa primeira volta ao mundo. Estávamos a viajar pela Argentina e queríamos muito conhecer o norte do país — aquela Argentina mais profunda e menos turística, onde as tradições ainda vivem no dia a dia e as paisagens parecem ter saído de outro planeta. Desde o início, sabíamos que esta região merecia ser explorada de carro: as distâncias são grandes, os transportes públicos nem sempre chegam onde queríamos ir e, acima de tudo, queríamos parar onde nos apetecesse.

O que encontrámos superou todas as expectativas. Podemos mesmo dizer que foi dos países que mais nos surpreendeu pela positiva nessa viagem. Esta parte da Argentina tem uma força tranquila, com cores e cheiros próprios, onde cada curva na estrada traz uma nova surpresa. De vinhedos rodeados de montanhas a vales com cactos gigantes, vimos paisagens que nunca mais vamos esquecer.

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O que torna esta roadtrip Na Argentina especial

Há qualquer coisa de mágico nesta rota. A diversidade de paisagens é absurda: numa manhã estás num vale verdejante, à tarde atravessas um planalto árido cheio de cactos, e ao final do dia estás rodeado por montanhas coloridas. A certa altura deixámos de tentar fotografar tudo — sabíamos que nenhuma imagem fazia justiça ao que estávamos a viver.

Sentimos que depois de cada curva havia algo mais entusiasmante para ver. Podíamos ter ficado ali semanas a explorar cada aldeia, cada trilho, cada miradouro. Lembramo-nos bem do momento em que vimos alpacas em liberdade, sem esperarmos — estávamos sozinhos na estrada, sem carros à vista, e ali estavam elas, a pastar como se nada fosse.

Além das paisagens, esta zona tem uma autenticidade rara. As pessoas são simpáticas, falam com calma, e vivem ao ritmo da natureza. E depois há a comida: empanadas caseiras, carne grelhada a sério, doces regionais… e, claro, os vinhos. Em Cafayate, fizemos algumas provas e ficámos impressionados com os vinhos de altitude — leves, frescos e com uma identidade própria.

Segurança e condução

Antes de partirmos, também tínhamos dúvidas: será seguro viajar de carro por esta zona? A resposta rápida é sim. Nunca nos sentimos inseguros em momento algum. As estradas estavam, no geral, em bom estado, mesmo as que não são asfaltadas. Só seguimos uma regra: nunca conduzir à noite. Não há iluminação nas estradas e os animais atravessam com frequência, por isso achámos mais seguro parar sempre ao final da tarde. Para facilitar, ficámos sempre alojados no centro das vilas — assim era fácil jantar e passear a pé.

A condução é simples, mas há que ter atenção à altitude. Em alguns trechos, especialmente entre Salta e Cachi, ou já perto de Purmamarca, atingimos altitudes superiores a 3.000 metros. Houve momentos em que nos sentimos mesmo cansados, com alguma falta de ar, o que é normal em grandes altitudes. Se tens dúvidas ou condições de saúde que possam ser afetadas, o melhor é consultares o teu médico de viagens antes de ires. Nós fomos com calma, bebemos muita água e evitámos grandes esforços — e correu tudo bem.

Estradas cénicas imperdíveis

Se há coisa que não falta nesta roadtrip na Argentina são estradas de cair o queixo. Algumas delas já são famosas, outras são pérolas escondidas que nos apanharam completamente desprevenidos. Mas todas têm algo em comum: fazem parte daquelas viagens em que o caminho é tão memorável quanto o destino.

A Cuesta del Obispo, que percorremos na Ruta Nacional 33, é uma das subidas mais impressionantes que já fizemos. As curvas vão serpenteando por entre vales até se abrir um planalto quase surreal: o Parque Nacional Los Cardones. Ali, entrámos num cenário que parecia outro planeta — uma estrada reta, infinita, rodeada por cactos gigantes até perder de vista. Não há como não parar várias vezes para fotografar, respirar fundo e sentir o silêncio absoluto.

Na ligação entre Cachi e Cafayate, seguimos pela Ruta Nacional 40, onde atravessámos a Quebrada de las Flechas — um desfiladeiro de formações rochosas espetaculares que nos fez abrandar o ritmo da viagem. As rochas em forma de lanças (daí o nome) e a luz dourada do fim de tarde criaram um dos momentos mais mágicos da roadtrip na Argentina.

Já na parte final da viagem, quando subimos em direção a Tilcara e Purmamarca pela Ruta Nacional 9, entrámos na mítica Quebrada de Humahuaca. A paisagem começa a ganhar cores irreais e, de repente, damos por nós no Mirador de las 14 Colores, com vista para o Cerro Hornocal — um autêntico arco-íris mineral nas montanhas.

Pelo caminho, houve muitos mais pontos que nos marcaram: o El Obelisco, a Shells’ Ravine, o Mirador Tres Cruces, a imponente Garganta del Diablo, o The Amphitheatre, o Tropic of Capricorn – Sundial, e claro, os vinhedos de Cafayate, onde fizemos algumas paragens para provas. É uma estrada onde se vive cada metro, e não apenas se passa por ele.

Itinerário completo da nossa roadtrip na argentina

A nossa viagem durou sete dias, num ritmo tranquilo e bem distribuído. O ideal é reservar pelo menos uma semana para conseguires fazer este roteiro com calma e tempo para parar sempre que algo te chamar a atenção (e vai acontecer muitas vezes).

Dia 1: Salta → Cachi

Saímos cedo de Salta e subimos pela Cuesta del Obispo, atravessando o Parque Nacional Los Cardones até chegarmos a Cachi ao final da tarde. Foi um dos dias com paisagens mais marcantes da viagem.

Dia 2: Cachi → Cafayate

Seguimos pela Ruta 40 em direção a Cafayate, com paragem obrigatória na Quebrada de las Flechas. Chegámos a Cafayate já ao fim do dia, e ficámos duas noites para aproveitar com calma.

Dias 3 e 4: Cafayate (2 noites)

Visitámos vinícolas, caminhámos por trilhos nos arredores e descansámos. Cafayate é perfeita para isso — boa comida, bom vinho e um ambiente tranquilo.

Dia 5: Cafayate → Salta

Regressámos a Salta para passar uma noite, recarregar energias e preparar a segunda parte da roadtrip na Argentina.

Dia 6: Salta → Tilcara

Subimos para o norte pela Ruta 9 e entrámos na Quebrada de Humahuaca. Tilcara foi a nossa base para explorar a região.

Dia 7: Tilcara → Purmamarca → Salta

Visitámos Purmamarca, o Cerro de los 7 Colores e ainda demos um salto às Salinas Grandes. Depois, descemos novamente até Salta, onde terminámos esta grande volta ao norte argentino.

Onde ficar em cada local

Durante toda a viagem, escolhemos alojamentos simples, centrais e com boas avaliações. A ideia era sempre a mesma: dormir bem, estar perto de tudo e evitar ter de conduzir depois de jantar. Aqui ficam os sítios onde ficámos — e que recomendamos.

  • Salta: Começámos e terminámos a viagem aqui, ficando na Posada Casa de Borgoña na chegada, e no Wilson Hotel no regresso. Ambos bem localizados, limpos e com bom pequeno-almoço.
  • Cachi: Dormimos na CasaPuebloCachi, uma pousada charmosa, com ambiente calmo e vista para as montanhas. Ideal para descansar depois da longa subida.
  • Cafayate: Ficámos duas noites na Algarroba, uma hospedagem simples mas acolhedora, muito próxima do centro e perfeita para explorar a vila a pé.
  • Tilcara: Ficámos na Villa del Cielo, com vista para as montanhas e muito espaço à volta. Foi uma das noites mais tranquilas de toda a viagem.
  • Purmamarca: Escolhemos o Mirador Del Virrey, Cabañas Boutique, com casinhas privadas e vista direta para o Cerro de los 7 Colores. Um verdadeiro luxo natural.

Dicas práticas para uma roadtrip na Argentina sem stress

Uma das melhores decisões que tomámos foi alugar um carro na Argentina. Deu-nos liberdade total, permitiu parar onde quiséssemos e explorar sítios que de outra forma não seriam acessíveis. E a verdade é que não foi preciso nenhum carro especial — fomos com o mais económico da rent-a-car através da Discovercars e correu tudo bem. Mesmo nas estradas de terra batida, o carro comportou-se perfeitamente. Ouvimos algumas pessoas a dizer que carros pequenos “não aguentam a altitude” e que o motor falha por causa da combustão. Bem, vimos sim alguns carros parados na berma… mas o nosso seguiu sempre em frente, sem dramas.

Se estás a pensar fazer o mesmo, aqui vão algumas dicas úteis:

  • Aplicações e mapas offline: Nem sempre há rede móvel, especialmente nas zonas mais remotas entre Cachi e Cafayate ou na Quebrada de Humahuaca. Nós usámos o Maps.me com os mapas descarregados e funcionou impecavelmente. Também levávamos tudo apontado num caderno, por precaução.
  • Abastecimento de combustível: Planeia com atenção. Há trechos longos sem postos de abastecimento — por exemplo, entre Cachi e Cafayate — por isso, não deixes o depósito chegar à reserva. Sempre que viamos um posto, abastecíamos.
  • Dinheiro: Em muitas vilas, o pagamento em dinheiro é a norma. Levávamos pesos argentinos suficientes, mas mesmo assim tivemos de levantar mais em Salta. Recomendamos também confirmar se o teu cartão funciona nas caixas multibanco locais.
  • Internet: Aconselhamos um eSIM da Holafly que tem cobertura na maior parte do tempo, exceto em zonas muito isoladas. Não ter internet em determinados locais não foi um problema, mas é bom saber que não vais estar sempre ligado.
  • Seguro de viagem: Para uma viagem tão intensa e cheia de contrastes como a Argentina, convém ir prevenido. Nós usamos sempre o Heymondo, que nos dá apoio 24/7 e cobre desde imprevistos médicos a atrasos nos voos.
  • Altitude e saúde: Como já referimos, há partes da viagem acima dos 3.000 metros. Se tens problemas de saúde ou dúvidas sobre como o teu corpo reage à altitude, consulta o teu médico antes de viajar. Nós não tomámos medicação específica, mas fomos com calma, bebemos muita água e evitámos esforços nas alturas mais elevadas. O corpo agradece.
  • Clima: Durante o dia apanha-se calor, mas à noite pode arrefecer bastante, sobretudo nas zonas de altitude. Leva roupa leve, mas também casaco e roupa quente para dormir.

Esta roadtrip na Argentina foi uma das melhores experiências da nossa volta ao mundo. O norte da Argentina é autêntico, visualmente impressionante e culturalmente rico. Fizemos quilómetros e quilómetros em silêncio absoluto, parámos para ver o pôr do sol sozinhos no meio de vales e comemos algumas das melhores empanadas da viagem. A região surpreendeu-nos pela beleza e pela forma como nos fez abrandar. Não é um destino de multidões, nem está cheio de infraestruturas turísticas — e isso é precisamente o que o torna tão especial.

Se estás a pensar fazer esta roadtrip na Argentina, só temos uma coisa a dizer: vai. Com tempo, com calma e com olhos bem abertos. Vais voltar com memórias que te vão acompanhar para sempre.

Dicas de Segurança e Acessibilidade em Norte da Argentina

É seguro viajar para a Argentina em 2025?

Sim, é seguro viajar para a Argentina, especialmente nas zonas mais turísticas. Como em qualquer grande país, é importante ter alguns cuidados básicos — principalmente nas grandes cidades como Buenos Aires, onde há maior risco de pequenos furtos ou carteiristas. Evita exibir objetos de valor, mantém a mochila à frente em zonas movimentadas e usa transportes seguros à noite. No geral, os argentinos são simpáticos, prestáveis e habituados a lidar com turistas. Com atenção e bom senso, é muito improvável teres problemas.

Como funcionam os transportes e a acessibilidade na Argentina?

Os transportes na Argentina variam bastante de região para região. Em Buenos Aires, há metro, autocarros e táxis acessíveis, além de apps como o Cabify ou o Uber. Para viagens entre cidades, os autocarros de longa distância (os famosos “micros”) são muito usados, com opções confortáveis até para dormir. O país está ainda a dar passos na melhoria da acessibilidade: os transportes urbanos mais modernos já têm rampas e sinalização, mas em cidades pequenas ou zonas rurais, pode ser mais difícil encontrar acessos adequados. Vale a pena planear com alguma antecedência se viajas com mobilidade reduzida.

Qual é a etiqueta e a cultura local na Argentina?

Os argentinos são muito calorosos, faladores e gostam de receber bem. Aqui vão algumas dicas que te podem ajudar a integrar-te melhor:

  • Saudações: É normal cumprimentar com um beijo na cara, mesmo entre homens (especialmente se já houver alguma familiaridade).
  • Mate: Esta bebida típica é quase sagrada — se te oferecerem, aceita com respeito e devolve a cuia sem agradecer (é o costume!).
  • À mesa: As refeições são momentos sociais importantes, por isso aproveita para conversar e relaxar — não é tudo tão formal como em outros países.
  • Pontualidade: Não é levada muito à risca — é normal que os horários sejam mais flexíveis.
  • Paixão pelo futebol: É real! Mas evita fazer comparações entre clubes ou seleções… pode gerar discussões acesas.

Mostrares interesse pela cultura e pelas tradições argentinas é sempre bem visto e pode abrir portas para conversas autênticas.

A Argentina é segura para viajantes LGBTQIA+?

Sim, a Argentina é um dos países mais progressistas da América Latina no que toca aos direitos LGBTQIA+. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal desde 2010, e existem leis que protegem contra a discriminação. Buenos Aires é especialmente acolhedora, com uma cena queer vibrante, eventos como a Marcha del Orgullo e muitos espaços inclusivos. Em zonas mais rurais ou conservadoras, a visibilidade pode ser menor, mas a hospitalidade argentina tende a prevalecer. Se fores respeitoso e discreto, é pouco provável que encontres problemas.

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Aviso legal: Todas as informações neste blog são para fins informativos. Os leitores devem verificar sua precisão antes de tomar decisões financeiras ou de viagem.

Sobre Nós

André e João em Salento, Colômbia

André e João juntos em Salento, Colômbia

Somos o André e o João, um casal português apaixonado por explorar o mundo lado a lado há mais de 18 anos. Já visitámos mais de 70 países e fizemos duas voltas ao mundo totalmente planeadas por nós, sempre com espírito de aventura, curiosidade e atenção aos detalhes. Neste blogue partilhamos aquilo que aprendemos na estrada: dicas práticas, roteiros testados por nós e experiências reais que te podem ajudar a planear viagens mais autênticas e bem aproveitadas. Acreditamos que não há uma única forma certa de viajar — há, sim, a que faz sentido para ti.

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